de Tony Azevedo
O artista visual e mestre xilogravurista Tony Azevedo reúne, nesta mostra individual, obras que traduzem, com vigor e poesia, o universo simbólico e cultural que molda seu olhar sobre o mundo. Através da tradição da xilogravura — técnica profundamente enraizada na cultura nordestina — o artista imprime na madeira não apenas imagens, mas também memórias, afetos e mitos populares que se reinventam em formas visuais fortes, expressivas e pulsantes.
A exposição apresenta 15 obras produzidas entre 2015 e 2025, cuidadosamente selecionadas para que o público percorra, como quem segue um fio poético, a trajetória do artista, acompanhando o amadurecimento de sua técnica e a consolidação de seu estilo próprio. As peças abrangem diferentes linguagens gráficas, como xilogravura, gravura em metal (ponta seca), linoleogravura, matriz perdida colorida e outros experimentos gráficos, revelando uma pesquisa marcada pela fidelidade à tradição, mas também pela ousadia em expandir seus limites. O preto no branco, essência da xilogravura, emerge com intensidade, trazendo à superfície um gesto firme, direto e marcante. Mas é também no diálogo com a contemporaneidade que Tony abre espaço para o inesperado: as cores sobrepostas, matrizes perdidas coloridas e contrastes cromáticos irrompem como janelas de novas possibilidades visuais, instaurando texturas, ritmos e atmosferas poéticas que reinventam a gravura sem apagar sua origem.
Cada traço vigoroso, cada contraste incisivo, ecoa como uma voz que conversa com a literatura de cordel, com a oralidade, com o imaginário popular e com o sertão de onde brotam as raízes da sua arte. Suas gravuras, ora contundentes, ora líricas, revelam-se como territórios simbólicos de permanência e, ao mesmo tempo, como espaços abertos para novas leituras e narrativas. Assim, a gravura reafirma-se como uma linguagem atemporal, viva e em constante reinvenção, capaz de resistir, emocionar e transcender. Mais do que um percurso estético, “A Impressão do Imaginário” é um convite poético à reflexão: como as imagens gravadas em madeira, linóleo ou metal podem iluminar nossas memórias coletivas, manter vivas as raízes culturais e, simultaneamente, abrir caminhos para novos horizontes criativos.
No dia da abertura, teremos a apresentação do grupo musical Cordas Couro e Arame. O grupo instrumental faz uma mistura de ritmos afro-brasileiro, com a junção de berimbau, viola e instrumentos de percussão. Para essa apresentação, haverá a celebração do mês da Consciência Negra, com um repertório específico para essa data.
Abertura: 19/11/2025 (quarta-feira)
Horário: 19h
Período: 19/11 a 24/01/2026 (visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 17h; sábados e feriados, das 10h às 14h
Local: Museu Prudente de Moraes